>>> PRIMEIRO COMANDO THEATRAL<<<

O Grupo Primeiro Comando Theatral (PCTH) volta á mídia virtual... Agora São Oito Anos de PCTH. O tempo Passa!!! E nós, como vinho, estamos cada vez melhor, aguardem nóticias....

sábado, 8 de maio de 2010

Cultura como patrimônio
Nós, do Movimento Nômades, que desde 2006 utilizamos a Casa de Cultura do Itaim Paulista como sede, e que faz dela também sua maior luta: Não deixar que o espaço fique ocioso, escrevemos essas carta como forma de protesto que os grupos, que juntos são o Movimento Nômades, encontraram para reivindicarem e questionarem qual é a utilidade deste espaço, a Casa de Cultura do Itaim Paulista.
Nosso Movimento é um olhar externo artístico de não contemplação passiva das reviravoltas políticas. Entendemos a arte como um ato híbrido na questão política, onde possa se gerir naturalmente e paralelamente. Essas questões, indagações não é somente deste Movimento, mas de outros tantos movimentos de artistas, sobretudo dos trabalhadores de teatro que tentam fazer a arte permanecer como arte e não como o seu oposto: a Barbárie.
Queremos provocar o nascimento de novas idéias para criar situações novas. E questionar essa real função. De quem é esse equipamento? Como é a melhor forma de geri-lo?
A arte, historicamente, é um meio transformador, social e político. Por isso lutamos contra toda forma de privatização da arte e da cultura. Acreditamos que a arte não é uma mercadoria exposta nas prateleiras de mercado, e sim um meio fundamental para a construção da sociedade em si.
No Manifesto do Movimento Arte contra a Barbárie deixa claro como essa nossa preocupação é geral:
“É inaceitável a mercantilização imposta à Cultura no país, na qual predomina uma política de eventos.”
“Sua condição atual reflete uma situação social e política grave!”
“A produção, circulação e fruição dos bens culturais é um direito constitucional, que não tem sido respeitado.”
Queremos da Casa de Cultura um posicionamento político apartidário e democrático com políticas públicas para a cultura que contemple vários programas com recursos orçamentários próprios.
Não haverá transformação cultural enquanto as ações humanas forem organizadas pela lógica da eficácia mercantil e a cidadania for construída na perspectiva do consumo.
Não podemos encarar a arte como mercado, mas devemos entender como patrimônio. Ai entramos na questão desta carta: Cultura como Patrimônio.
Um pouco de história
A Casa de Cultura do Itaim Paulista que no mês de março contemplou 25 anos de existência tem uma história de luta, e ainda hoje continua sendo escrita, porém, como forma de resistência. Em meados de 1984 CAM (Cultura e Arte em Movimento) e EADEC (Espaço Aberto para o Desenvolvimento Cultural), dois movimentos culturais atuantes em Itaim Paulista, reinvidicaram ao então prefeito Mário Covas, a criação de um Centro Cultural para o bairro e, depois de muitas idas ao gabinete do secretário da cultura, Gianfrancesco Guarnieri, finalmente, no dia 21 de Abril de 1985, o espaço, hoje denominado Casa de Cultura, foi inaugurado com o nome de Centro Cultural Itaim Paulista.
O Centro Cultural Itaim Paulista é o primeiro e único espaço cultural da cidade de São Paulo criado pelo poder público a partir de reinvidicações da sociedade civil organizada e teve a gestão de seus 8 meses iniciais de existência feita por integrantes de ambos os grupos escolhidos democraticamente em assembléias criadas para esse fim.
Isso sim era uma forma de participação pública efetiva de um órgão público, que geria eram os próprios freqüentadores, porém, depois de 25 anos o “poder” público quer transferir 25 anos de história para outro local.
Será que conseguirá levar com o espaço físico a história? Será que conseguirá fazer com que a comunidade se aproprie tão bem deste equipamento cultural? E a pergunta primordial, para onde vai o dinheiro do aluguel do antigo espaço?
Por isso, escrevemos essa carta, para convidá-los a aprofundar as discussões sobre cultura e arte como patrimônio. Não queremos nos acomodar e dizer sim para o que é oferecido. Queremos pisar no pé para doer e ter que trocar os sapatos na frente de todo.
Esse é o nosso grito emudecido! Esse é o nosso suspiro sem ar! Nós, Nômades, convivemos em bando, em vários, em família, somos uma tribo que se defende e se faz presente. Somos caçadores, somos consumidores, se preferir, somos vampiros de arte. Nossa fonte de água, de comida, de ar é esse espaço, a Casa de Cultura do Itaim Paulista, se querem nos tomar, temos reivindicações a fazer. E espero que estejam dispostos a nos dar, pois somos fortes.
Movimento Nômades